Está se ouvindo falar muito de intervenção cambial por parte do governo e do relaxamento das metas de inflação. Quais os prováveis impactos dessas medidas na relação câmbio-inflação (o chamado pass-through cambial)?
Nogueira Junior encontra evidências de que, quanto maior e mais instável a inflação, o efeito de uma desvalorização cambial sobre os preços é maior. O valor limite da inflação, estimado pelo autor, para a mudança do regime de baixo para alto pass-through é de 10,6% a.a. Ainda longe do que estamos vendo. Todavia, é importante lembrar que isso é uma estimativa, e o threshold decerto varia com as circunstâncias. Ademais, um intervalo de confiança no coeficiente alcançaria valores de até 7,8% a.a., o que já não parece tão distante (por falar nisso, infelizmente muitos autores esquecem de analisar intervalos de confiança).
Em outro estudo, Correa e Minella também encontram indícios de que, em períodos de alta atividade econômica, há um repasse maior do câmbio sobre a inflação. Além disso, o modelo sugere que, em períodos em que a taxa de câmbio é menos volátil (isso geralmente ocorre quando o governo interfere, com bandas cambiais ou câmbio fixo, por exemplo), o repasse cambial costuma ser algo de 5 a 10 vezes maior. Como no ponto anterior, ainda provavelmente não chegamos a um nível de intervenção que leve a esta situação; mas, a depender dos discursos de alguns setores da economia, isso não parece uma realidade assim tão distante.
Mais um bom post, Carlos. Seguiremos acompanhando pra ver se o discurso da necessidade da desvalorização cambial apregoado por alguns setores da indústria “irá colar”. No meu ponto de vista o Governo já comprou (a mídia e boa parte dos analistas da área, não!) e tenta forçar o debate nos órgãos supranacionais sem sucesso.
No mais, a palavra saiu “trheshold” no texto, depois dá uma alteradinha lá.
Abraços
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Obrigado, Marco, está corrigido! Abs
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