Câmbio e Inflação I


Está se ouvindo falar muito de intervenção cambial por parte do governo e do relaxamento das metas de inflação. Quais os prováveis impactos dessas medidas na relação câmbio-inflação (o chamado pass-through cambial)?

Nogueira Junior encontra evidências de que, quanto maior e mais instável a inflação, o efeito de uma desvalorização cambial sobre os preços é maior. O valor limite da inflação, estimado pelo autor, para a mudança do  regime de baixo para alto pass-through  é de 10,6% a.a.  Ainda longe do que estamos vendo. Todavia, é importante lembrar que isso é uma estimativa, e o threshold decerto varia com as circunstâncias. Ademais, um intervalo de confiança no coeficiente alcançaria valores de até 7,8% a.a., o que já não parece tão distante (por falar nisso, infelizmente muitos autores esquecem de analisar intervalos de confiança).

Em outro estudo, Correa e Minella também encontram indícios de que, em períodos de alta atividade econômica, há um repasse maior do câmbio sobre a inflação. Além disso, o modelo sugere que, em períodos em que a taxa de câmbio é menos volátil (isso geralmente ocorre quando o governo interfere, com bandas cambiais ou câmbio fixo, por exemplo), o repasse cambial costuma ser algo de 5 a 10 vezes maior. Como no ponto anterior, ainda provavelmente não chegamos a um nível de intervenção que leve a esta situação; mas, a depender dos discursos de alguns setores da economia, isso não parece uma realidade assim tão distante.

O estado da blogosfera econômica


Economic Logic comenta sobre o estado da blogosfera econômica e sobre o projeto de Zimmermann, EconAcademics.org, que monitora diversos blogs acadêmicos de economia, principalmente quando estes debatem papers indexados no Ideas. Fantástico.

Mais sobre a economia (e a matemática, e a estatística) de Jogos Vorazes


Não é só a análise de Matthew Yglesias.

Também temos uma análise de sobrevivência (estatística) de Brett Keller.

Na Forbes, as cinco lições econômicas de jogos vorazes por Erik Kain.

E na Wired, conceitos de probabilidade e teoria dos jogos por Michael Lewis.

O “núcleo” da inflação no Brasil.


Silva Filho e Figueiredo fazem uma análise das medidas de core da inflação brasileira. Resultados preliminares: elas são enviesadas e possuem pouco poder preditivo – em outras palavras, não são boas. Os autores também tentam construir medidas de núcleo melhores do que as utilizadas. Mas, mesmo com performance superior, as novas medidas são tão “próximas” da medida tradicional do IPCA que acabam sendo argumento para os céticos: isto é, de que o próprio IPCA é seu “melhor” núcleo.

PS: o artigo é um dos poucos que analisei que se atentam a algumas questões estatísticas com o devido ceticismo, como algo análogo ao problema batizado por Ed. Leamer (sobre quem já comentamos aqui) de White Washing (este texto é uma ácida e excelente resposta ao famoso artigo de Angrist e Pischke sobre a revolução de credibilidade nos trabalhos empíricos). Vou tentar falar disto no próximo post.

Títulos melhores para livros


Acabei de ver o blog Better Book Titles e tinha de compartilhar.

Alguns destaques:

– Richard Dawkins cites his other writing (Richard Dawkins: The God Delusion)

– Teen sex is ok if one of them has cancer (Nicholas Sparks: A Walk to Remember)

– Rent was too damn high (Dostoievski: Crime and Punishment)

– Children should be traumatized (Grimm’s Fairy Tales)

– I read the first page and gave up (James Joyce: Finnegan’s Wake)

Update: Não deixe de conferir o top 10 do autor.

PS: procrastinadores deveriam ficar longe deste blog!

Dica da McCloskey.

A Economia de Jogos Vorazes


Meu amigo Paulo me chamou a atenção ao artigo de Matthew Yglesias na Slate sobre a economia de Jogos Vorazes.  O artigo é legal, consegue juntar os conceitos de resíduo de solow e as ideias de A&R para tentar dar algum sentido à história do filme (que, definitivamente, não faz jus ao sucesso que vem obtendo).

 

2.991 co-autores***.


Você já viu um artigo com tantos co-autores? 

Via Ciência Brasil (apud Moral Hazard).

PS: não julgo o fato nem como bom, nem como ruim. Não estava nos bastidores da pesquisa para julgar.

*** são 2.991 se a função “texto para colunas” do excel tiver separado corretamente. Obviamente que não conferi, deixo para o cético o exercício de checagem.

A fórmula que matou Wall Street


Artigo interessante sobre a gaussian copula function de David Li.

Vale frisar duas partes do final. Primeiro, sobre os gerentes que utilizavam a fórmula:

Their managers, who made the actual calls, lacked the math skills to understand what the models were doing or how they worked. They could, however, understand something as simple as a single correlation number. That was the problem.

E, segundo, Li sobre o seu próprio modelo:

The most dangerous part is when people believe everything coming out of it.

Por ser voltado ao público geral, não sei até que ponto o texto é anedótico. Mas, ilustra bem uma verdade: não é para você pegar um modelo e aplicá-lo a toda e qualquer situação. Ainda mais quando se trata de normalidade e constantes no mundo financeiro.

PS: um leitor recomendou o vídeo “Quants – Os alquimistas de Wall Street”, visto no blog do PC.