Qual a posição média dos jogadores na partida entre Brasil e Camarões? Como foram as jogadas de cada chute a gol? O Huffington Post, para cada jogo, traz esses e outros dados com gráficos interativos. Vale a pena conferir!
Qual a posição média dos jogadores na partida entre Brasil e Camarões? Como foram as jogadas de cada chute a gol? O Huffington Post, para cada jogo, traz esses e outros dados com gráficos interativos. Vale a pena conferir!
Ontem, Nate Silver provavelmente torceu mais para o Brasil do que muitos brasileiros. Ele havia previsto que a Croácia tinha apenas 3% de chances de ganhar. E o gol contra do Marcelo, logo aos 11 minutos do primeiro tempo, deixou os croatas na liderança no início do jogo.
Note que, diferentemente dos demais palpiteiros especialistas, que fazem previsões e comentários de maneira qualitativa – quase impossíveis de verificar depois – , a previsão do Nate era clara: as chances eram de 3%. Não eram 10% ou 20%. Sim,uma vitória da Croácia era possível… mas bastante improvável. Nate Silver teria de se explicar.
Entretanto, alguns minutos depois, eis que surge um pênalti roubado duvidoso para o Brasil que mudou os rumos da partida. Que sorte, não!?
Nem tanto.
Entre os fatores que o modelo do FiveThirtyEight pondera para calcular as chances de o Brasil ganhar a copa (que está bastante alta, 46%), um deles é justamente isso: estar jogando em casa. Aparentemente, no futebol, mais do que em muitos outros esportes, alguns lances conseguem determinar a partida fazendo com que o juiz acabe tendo muito poder. E tem sido verificado, consistentemente, que juízes tendem a favorecer o anfitrião do jogo. Se é pressão social, viés psicológico, “roubo”, ou qualquer outra razão, não importa muito neste caso. O fato é que isso ocorre e tem que ser levado em conta na hora de se fazer a previsão.
O bacana do modelo do Nate Silver é que ele está dando previsões jogo a jogo (coloquei baixo uma tabela com todas as probabilidades), então poderemos verificar sua calibração e comparar sua performance contra outros benchmarks. Futuramente explico como podemos fazer isso. Outra coisa legal é que, como bom bayesiano, o modelo é recalculado jogo após jogo, levando em conta as novas informações nas probabilidades dos resultados. O jogo de ontem, como era o resultado esperado, alterou pouca coisa nas previsões.
E vale lembrar: sim, o Brasil ainda tem a probabilidade mais alta de ganhar entre todos os times – 46%. Só que isso implica também que, por enquanto, a probabilidade de não ganhar é de 54%. Acompanhemos!
Os dados do Censo de Capitais Estrangeiros no País, em 2010, trouxeram a distribuição do Investimento Estrangeiro Direto (IED) na indústria por Unidade da Federação (UF).
Somente da Indústria? E como foi feita a distribuição? Aqui voltamos ao que já dissemos sobre erro de medida (ver aqui, aqui, aqui e aqui, por exemplo). Distribuir o estoque investimento estrangeiro por UF é algo complicado, sujeito a erros diversos, tanto ao se definir a metodologia, quanto ao se mensurar o valor. No censo de 1995, por exemplo, os dados foram distribuídos por estado “[…] tomando por base o endereço da sede da empresa”. Será que essa é uma boa medida? Depende.
Percebe-se que uma indústria que concentre o grosso da sua estrutura produtiva no Pará, mas que tenha sede em São Paulo, será considerada um investimento nesta última UF. Se a intenção é medir onde se encontra o centro administrativo, esta medida poderá ser boa. Todavia, se intenção é medir onde se encontram as unidades produtivas, esta medida terá, talvez, distorções significativas. Qual a melhor forma, então, de se distribuírem os investimentos por estado? Pela localização da sede? Pela localização do ativo imobilizado? Pela distribuição dos funcionários? Particularmente, acho que não existe uma métrica única que se sobressaia às demais – a melhor opção depende do uso que você irá fazer da estatística.
Voltando ao Censo, a pesquisa passou a considerar a distribuição do ativo imobilizado como critério para alocação do IED – e apenas para a indústria . Os declarantes distribuíram percentualmente o seu imobilizado pelos diferentes estados e isso foi utilizado para ponderar o investimento direto pelas UF’s.
Segue abaixo mapa do Brasil com a distribuição do IED da indústria por Unidade Federativa:
Para aprender a fazer o mapa, veja aqui.
Já que falamos do CBE no post anterior, aproveito para destacar outro dado daquela pesquisa, que muitas vezes passa despercebido: a concentração do Investimento Brasileiro Direto (IBD) no exterior em poucos investidores. Na publicação dos resultados, os declarantes foram separados pelo tamanho de seu investimento, como, por exemplo, investidores que possuem investimentos no exterior de até US$ 1 milhão (a menor categoria) ou investidores que possuem investimentos no exterior maiores do que US$1 bilhão (a maior categoria).
No quadro 2 da publicação, você encontrará a seguinte distribuição, reproduzida no gráfico abaixo (agrupei as duas últimas categorias do quadro). Em vermelho, você tem o percentual de investidores que se encontram naquela faixa de investimento – perceba que quase 70% dos declarantes do CBE têm um investimento menor ou igual a US$ 1 milhão e que apenas 0,3% dos declarantes possuem investimentos maiores do que US$500 milhões. Já em azul, você encontra o quanto cada uma dessas categorias responde pelo valor total declarado. Note que 0,3% dos declarantes respondem por cerca de 70% dos 356 bilhões de dólares que o Brasil possuía investidos no exterior.
Em outras palavras, a distribuição do IBD tem cauda bastante pesada – poucas observações respondem pela quase totalidade do valor. Além de ilustrar o grau de concentração deste tipo de investimento , isto tem uma implicação importante com relação ao (provável) erro de medida, e consequentemente, na incerteza dessas estatísticas.
Para tanto, vejamos o quadro 7, que é análogo ao quadro 2, mas faz a separação apenas para a modalidade de IBD participação no capital. Pelo quadro, 32 declarantes respondem por US$ 158 bilhões do estoque total, isto dá, na média, cerca de US$ 5 bilhões por declarante. Agora veja a distribuição da mesma modalidade por país (quadro 3). Em 2012, o maior estoque de IBD participação no capital, segundo o quadro 3 do CBE, estava na Áustria, com cerca de US$ 57 bilhões. Este valor, então, decresce exponencialmente, sendo a média por país mais ou menos US$ 6 bilhões e a mediana US$ 1 bilhão. Perceba que, caso apenas um dos grandes declarantes esteja classificado de forma errada – e considerando, conservadoramente, o valor médio do grupo – no melhor cenário, se o erro for na Áustria, isso responde por 10% do total estimado para aquele país; se for em um país de IBD médio, isso responde por um erro de 83%; e se for em um país de IBD mediano, o valor do erro é cinco vezes maior do que o valor estimado!
Então se, por um lado, o fato de a distribuição estar concentrada em poucos investidores reduz o número de declarantes que o Banco Central precisa investigar para validar grande parte do valor total declarado, por outro, o impacto de apenas um registro errado pode ser bastante significativo. Note a diferença deste tipo de estatística, para, por exemplo, a estimativa da expectativa de vida média do brasileiro – neste caso, vários registros errados dificilmente alterariam o valor médio de forma substancial.
Para finalizar, uma curiosidade. Veja abaixo os gráficos do logaritmo do valor do investimento (X) contra o logaritmo da probabilidade de o investidor ter investimentos maiores do que X (a linha preta é reta de regressão). Lembra o gráfico de um lei de potência, não?
Mais sobre este tipo de assunto neste blog aqui.
No post anterior vimos quais países tem investimento direto no Brasil (pelo critério de país de origem imediata).
Agora, que tal visualisarmos em que países os brasileiros investem?
Para tanto, podemos pegar os dados da pesquisa de Capitais Brasileiros no Exterior. Tal qual criança quando ganha um brinquedo novo, vamos lá brincar no R mais uma vez. Abaixo, mapa com a distribuição do Investimento Brasileiro Direto (IBD), participação no capital, conforme país de destino imediato, em 2012.
PS: encontrei o pdf do Applied Spatial Data Analysis with R, então esperem mais posts deste tipo.
Que tal visualizar os dados do Censo de Capitais Estrangeiros de uma maneira diferente?
Abaixo, mapa com a distribuição do Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil, critério participação no capital, em 2010, segundo o país de origem imediata. O mapa foi feito no R. Quanto mais escuro, maior o investimento daquele país em empresas brasileiras.
PS: agradeço ao Rogério pelo didático post ensinando o caminho das pedras.
Aqui no Brasil, todo mundo quer usar as leis e o governo para retirar recursos da sociedade em seu favor. Se não para transferência de renda de maneira direta, ao menos para conseguir monopólios.
Os jornalistas, por exemplo, em detrimento da liberdade de expressão, querem reaver o monopólio da notícia, chegando ao ponto esdrúxulo de fazer lobby para uma emenda constitucional. Sobre este tema – que merecia post em separado, mas fica para algum dia – deixo aqui o texto de Lúcia Guimarães e também texto antigo do Alexandre Barros, que não é sobre o jornalismo, é mais geral, mas cabe bem ao assunto.
Mas os advogados, de quem já falamos aqui (sobre controle de preços), porquanto íntimos do sistema e seus meandros, acabam sendo os piores. Sempre.
Vale à pena ler este artigo de denúncia à OAB, que proíbe o exercício da profissão de forma voluntária. Caso o pobre necessite do serviço, o advogado não pode se oferecer para prestá-lo gratuitamente, para que isso não atrapalhe as intenções da OAB de receber dinheiro público pelo ofício – um verdadeiro monopólio da pobreza.