Teorias e evidências, Encontro de Economia do ES e viés de confirmação.


Como deu para perceber, não tenho o dom de pensar em títulos interessantes para posts, então o título deste é basicamente autoexplicativo – os três temas de que tratarei.

Hoje apresentei um trabalho no Encontro de Economia do Espírito Santo e comentei o trabalho de Fábio Augusto Reis Gomes. O trabalho é conciso e traz um resultado interessante, pois mostra um caso em que, em um ambiente de incerteza “de verdade” (não é somente risco), o comportamento ótimo do consumidor pode ser simplesmente gastar toda sua renda. Intuitivamente, o indivíduo avesso ao risco é pessimista e teme poupar e ter um baixo retorno do seu investimento, bem como tomar empréstimo e ter de pagar taxa de juros elevada. Assim, para dado intervalo de renda, seria uma estratégia ótima não poupar nada. O interessante disto é que formaliza o fato de que uma estratégia considerada “ingênua”, como poupar zero, não pode mais ser evidência contra a teoria de que os indivíduos busquem otimizar seu consumo.

Aqui entra uma questão relacionada, como saber se uma evidência dá suporte ou não a uma teoria? Evidentemente, este assunto é amplo. Por isso, tratarei de apenas um ponto, algo comum de ocorrer: o viés de confirmação. Tomemos um exemplo. Um dado como este, de que metade das classes A e C não têm investimentos, trata-se de uma evidência contra a teoria de que a poupança é fruto da escolha racional entre consumo presente e consumo futuro? Para saber se sim ou se não, teríamos de explorar quais são as conseqüências observáveis desta teoria, e ver se, caso ela fosse válida, não poderíamos observar a evidência apresentada. Obviamente, percebe-se que este número por si só não contradiz a tese, fato que é reafirmado pelo exemplo do Fábio. Entretanto, neste exemplo, um colega havia tomado a evidência como a favor da hipótese de que a poupança é um “resíduo” da renda e contra a hipótese de que seja uma “escolha racional”.

Este pode ser visto como um caso de viés de confirmação. O viés de confirmação é a tendência de buscar apenas aquelas evidências que corroboram a teoria que se quer provar e não aquelas que poderiam contradizer o que você acredita. Isso em geral resulta no erro de julgamento de se encontrar uma evidência que parece ser a favor de uma teoria e a partir daí deduzir que ela é verdadeira e as demais são falsas. Vejamos mais um exemplo simples, que talvez seja mais claro: tanto a gripe quanto outras doenças apresentam a febre como um sintoma. Um viés de confirmação se manifestaria se você visse que alguém tem febre e daí concluísse que esta pessoa tem gripe, e apenas se atentasse a verificar os outros sintomas da gripe. Ora, poderia ser que, ao limitar os exames na certeza da gripe, as evidências encontradas não sejam aquelas que diferenciariam a gripe de outras doenças. E você manteria o diagnóstico. Entretanto, é a presença, ou ausência, de outros sintomas – evidências – que lhe trarão maior segurança com relação a sua hipótese. Em particular, aquelas evidências que contradizem a sua hipótese inicial com base em hipóteses alternativas.

Tal erro de julgamento é muito comum, mais do que se imagina. O viés de confirmação pode ser tão grande ao ponto de a pessoa não conseguir ver, involuntariamente, sinais óbvios que contradizem sua hipótese, ler textos e não conseguir entender argumentos simples entre outros problemas. É como a recém grávida que vai à rua e poderia jurar que agora há muito mais grávidas do que antes. Não, não há. Ela que passou a prestar atenção nisso…. Pode ser que não seja possível eliminar este viés, natural ao ser humano, mas é factível e digno de esforço reconhecer sua existência e tentar minimizá-lo.

Democratização da Mídia


Os resultados preliminares do Censo de 2010 trazem números interessantes: ano passado, 83% dos domicílios brasileiros possuíam telefone celular, aproximando-se dos 95% que possuem televisão. Dada a constante baixa dos preços e o crescimento exponencial do setor de telefonia móvel (dados recentes mostram crescimento de 40% no acesso móvel em relação ao ano passado), não duvidaria que em pouquíssimo tempo os celulares ultrapassem esses 95% – se isso já não ocorreu.

Hoje, a despeito dos impostos, é possível encontrar um Smartphone por menos de R$80,00 e um Tablet por menos de R$160,00. E o acesso à internet também se tornou mais fácil, com preços antes inimagináveis: em uma operadora, por exemplo, o serviço de internet móvel – no varejo – custa apenas 0,50 centavos pelo dia que você quiser utilizar. Isso é algo fantástico.

É comum ver algumas pessoas clamando pela democratização da mídia. Como justificativa, dizem que as concessões de rádio e televisão estão concentradas nas mãos de poucos. Bom, se era essa a angústia, tranquilize-se. É possível contornar este problema. Tecnicamente, não há mais barreiras para a divulgação da informação. Qualquer brasileiro poderia produzir notícias, entretenimento, conhecimento, seja na forma de “rádio”, “impressa”, ou em vídeo pela internet. E virtualmente todo brasileiro poderia acessá-lo. Para tanto, é preciso reduzir (ou zerar) os impostos dos produtos que permitam à população o acesso a esta nova realidade. Como diz uma passagem de um boletim do IPEA:

Novas formas de acesso – em especial o telefone móvel e o televisor – devem ser consideradas como opções de acesso à internet pela população de baixa renda e, consequentemente, na política de desoneração fiscal.

Assim, democratizar a mídia não passa pelo financiamento público de meios de comunicação para a propaganda ideológica ou partidária, como alguns discursos podem deixar a entender. Permitir que todos possam produzir e acessar informações, além de escolher livremente aquilo que querem ou não ler, assistir, ou ouvir: eis o início de uma verdadeira democratização da mídia.

Ser de “esquerda” – Sobre meios e fins I


Além da troca entre intenções e resultados, algo comum em discussões políticas e econômicas é a confusão entre meios e fins. Incluo ambas como uma das formas de obscurantismo, pois, especialmente no discurso político, isso é mais do que uma troca rotineira, é muitas vezes feita deliberadamente. Em vez de discorrer sobre as diversas formas em que a inversão entre meios e fins pode ocorrer, vejamos um exemplo específico, extraído de uma revista nacional.

No Brasil, é bastante recorrente a justificativa de se dizer de “esquerda” por desejar fins nobres, como nesta passagem retirada da revista Carta Capital:

(…) Ser de esquerda é não roubar nem deixar roubar; é ser contra a exploração do homem pelo homem e de países por outros países; é ser a favor da igualdade entre raças e gêneros; do Estado laico; é ser contra o preconceito e a intolerância; é ser a favor da natureza; de que o povo coma bem e direito; da justiça social (…)

A rigor, pela descrição, todos que desejassem tais fins seriam considerados de “esquerda” – independentemente dos meios que defendam para alcançá-los. Obviamente, não é isso o que ocorre, e daí a confusão (deliberada ou não) entre meios e fins. Neste exemplo, os fins citados são desejados por uma gama bastante heterogênea de pessoas – notadamente, também, grupos que não se enquadrariam à “esquerda” do espectro político. Contudo, segundo a autora, restaria a quem não é de “esquerda” a negação de um dos fins, como ser a favor do roubo, ser a favor da exploração, ser a favor da desigualdade de raça ou gênero, ser preconceituoso e intolerante, ser contra a natureza, a favor da miséria ou contra a justiça social. A troca entre meio e fim permite, neste caso, um discurso que faz parecer exclusividade de um grupo os objetivos nobres, mesmo se isso estiver longe da verdade.

Ora, tomando um dos fins elencados como exemplo, se quero que o povo coma bem e direito, como fazer isso? Eis aí a questão interessante. Pois se, quanto ao fim, há consenso, não faltam propostas divergentes quanto aos meios. Que tal reduzir a zero os impostos de alimentos de modo a torná-los mais acessíveis? Ou, quem sabe, fixar um salário mínimo que cubra os custos desta alimentação? Melhor, por que não estatizar toda a produção agrícola? Ou talvez apenas uma distribuição focalizada de renda aos miseráveis? Essas são políticas completamente diferentes, todas pretendendo os mesmos fins, mas que poderiam ser defendidas por grupos politicamente divergentes.

Como no exemplo caricato do texto retirado da Carta Capital, não são raros grupos arrogando a si os fins nobres, quando no fundo o que defendem é algum meio específico de atuação que, não necessariamente, chegará aos resultados esperados. E, infelizmente, não é sempre que a inversão é exposta de forma óbvia e infantil como esta. Quando deliberadamente sutil e benfeita, a troca entre meios e fins pode, inclusive, servir para ocultar interesses escusos. Pois, a partir do momento que alguém arroga apenas a si os melhores fins, está dada a desculpa para os piores meios.

O que faz um bom médico.


Prova do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Essencial para um exímio profissional da saúde.

82 – A respeito das influências do neoliberalismo sobre a Saúde, considere as seguintes afirmativas:

1 – Têm gerado um processo de competição ilimitada, que promove uma espécie de guerra de todos contra todos à custa da saúde dos trabalhadores.

2. Constituem um modelo de competição que é cego para suas consequências sociais, ao promover competição ilimitada, a aceitação da injustiça, da violência e do sofrimento no trabalho.

3. Impondo como premissa das reformas que preconiza a redução dos gastos públicos, conduz os governos a economizar à custa do sofrimento da Nação, deixando de investir em práticas sociais como Educação e Saúde.

4. Preconiza a parceria público-privada, na qual a relação do público com o privado acentua a dívida do Estado com a maioria da população e ao mesmo tempo favorece a esfera privada e a acumulação do capital.

5. As reformas instituídas na formação dos profissionais de saúde procuram adaptá-la às necessidades atuais do capital, tendendo a reduzir os conteúdos e priorizar o alcance de determinadas habilidades e atitudes.

Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente a afirmativa 5 é verdadeira.
c) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.

Royalties e o Espírito Santo – sobre intenções e resultados II


Temos visto uma enorme disputa entre os estados produtores para não perderem a receita de Royalties. A princípio, pode parecer uma defesa justa, afinal, os estados angariariam mais recursos para a provisão de bens públicos como educação e infra-estrutura. O Espírito Santo ficou tão preocupado que liberou seus servidores para fazer manifestação nas ruas. Ótimas intenções.

Mas vamos aos resultados . Neste artigo, Caselli e Michaels encontram evidências de que os gastos com educação, saúde, infra-estrutura, entre outros bens ou serviços públicos, de fato aumentam nos estados produtores que recebem os royalties. Contudo, não se anime.  A despeito do que as propagandas do governo podem dar a entender quando falam que estão gastando rios de dinheiro com isso ou aquilo, gastar não quer dizer nada. Quer gastar muito? Rasgue dinheiro. Ou superfature. O que importa, no fim, não é o gasto, é o benefício para a população.  E quanto aos benefícios os resultados encontrados pelos autores são decepcionantes – indicadores de moradia, saúde, educação e outros fatores de bem-estar praticamente não mudaram. Uma curiosidade: na média, o tamanho das casas dos servidores públicos aumentou,  e cresceram tanto o número de notícias de corrupção municipal, como o número de operações da polícia federal. Sugestivo, não?

Por que isso ocorre? Bom, algumas vezes – ou melhor, muitas vezes – receitas que caem do céu para os governantes são mais uma maldição do que uma bênção. Se as instituições do estado ou do município não são “maduras” ou “sólidas” o suficiente, mais dinheiro para os governantes pode significar maior extração, por parte do governo, de recursos produtivos da sociedade e de forma mais do que proporcional ao dinheiro recebido. Assim, o bem-estar geral da população pode, inclusive, diminuir. Um texto que ilustra com um modelo simples essa dinâmica é este do Robinson e Torvik.

Então, a não ser que você seja político ou servidor público, não fique desolado se o seu estado ou município tiver de partilhar a receita dos Royalties. A depender do nível de governança do governo, a redução deste montante pode fazer mais bem do que mal.

Os juros altos e a ganância dos bancos


 

Mesmo em faculdades de economia, ainda há quem se entregue ao discurso fácil de que juros altos são sempre desejados pelos bancos. Assim, quando o Banco Central aumenta a taxa básica, estaria sendo cúmplice do mercado financeiro; e, por outro lado, quando a autoridade monetária a reduz, estaria sendo ousada, jogando contra os bancos e a favor da sociedade.

Isso não é bem verdade e pretendia tratar do assunto futuramente. Mas acabei de ver o novo post do Alexandre Schwartsman. Este e outro post um pouco mais antigo, que desmistifica a idéia de que o mercado faz “terrorismo inflacionário” para o aumento dos juros, dão conta – e muito bem – do recado.

Sobre intenções e resultados


Pode ser clichê, ou até ingenuidade, mas, de boas intenções o congresso está cheio. Tudo bem, mesmo que não esteja, para o presente propósito suporemos que sim. Seguiremos o conselho de Du Pont:

(…) it is necessary to be gracious as to intentions; one should believe them good, and apparently they are; but we do not have to be gracious at all to inconsistent logic or to absurd reasoning. Bad logicians have committed more involuntary crimes than bad men have done intentionally.

Apesar da abundante generosidade das intenções do congresso nacional e do governo federal, que têm a pretensão de ser verdadeiros pais e mães dos demais cidadãos, nem sempre suas ações geram bons frutos. A sociedade é complexa e, em geral, os formuladores de política desconsideram o contexto em que se encontram, as reações dos indivíduos sujeitos à política, conseqüências de longo prazo ou em cirscunstâncias diferentes da que inicialmente imaginaram, entre outras variáveis . Por conseguinte, não somente obtêm-se conseqüências indesejáveis, como freqüentemente observam-se efeitos contrários ao que se pretendia. Isso não seria problema se as pessoas julgassem leis e políticas segundo seus resultados. Entretanto, geralmente, o que se vê são julgamentos e defesas intransigentes, fundamentadas apenas, ou na maior parte, nas intenções.

O que você acharia de uma lei que obrigasse o responsável por um acidente de trânsito a arcar com as despesas médicas dos feridos? Muito provavelmente, várias pessoas diriam que se trata de uma lei mais do que justa. Moralmente, está correta, afinal, quem fez o dano que arque com as conseqüências, certo? Os incentivos também seriam positivos, pois, ciente de que terá de arcar com possíveis despesas, o motorista seria mais prudente. Mas o diabo mora nos detalhes. O que poderia pensar um motorista, após um acidente, caso vislumbrasse gastos médicos superiores à indenização por morte? Poderia raciocinar de forma a acontecer isto aqui. Sim, o motorista quis se certificar de que a criança estava morta, pois teria de pagar menos. Neste contexto específico, uma lei moralmente correta, com a melhor das intenções, gerou resultado oposto do que se esperava. Este tipo de reação já seria esperado se utilizássemos a teoria econômica do crime na análise da lei. Se algum dia você já se perguntou por que não colocamos leis super-rígidas para quaisquer tipos de infração, é justamente por isso. A intenção pode ser boa, todavia, se a pena por um roubo e um latrocínio forem iguais, o assaltante não irá mais pensar duas vezes antes de matar.

Tomemos agora outro exemplo – a reforma agrária no Brasil. Bernardo Mueller e demais autores trazem evidências de que, devido a inconsistências administrativas e jurídicas com relação ao uso da terra, que resultam em direitos de propriedade inseguros, as políticas de reforma agrária tendem a levar a um aumento do uso da violência e do desmatamento maiores do que ocorreriam caso não fossem aplicadas. Sendo um pouco mais específico, os conflitos se originam de uma inconsistência legal que, de um lado (código civil), garante ao proprietário de terra o seu usufruto, mas que, de outro (constituição), garante aos potenciais invasores o direito à reforma agrária (capítulo III). Devido à insegurança jurídica, o desmatamento torna-se um instrumento para se aumentarem as garantias de posse da terra. Para o dono, o desmatamento é utilizado para colocar a terra em uso produtivo, e minimizar o risco de expropriação (inciso II, art. 185, CF). Já para o invasor, desmatar a terra e fazer benfeitorias aumentam as chances de receber alguma indenização caso seja despejado. Outra questão é o fato de que, em média, os conflitos rurais têm maior predominância nos locais onde, ironicamente, a atuação do INCRA é mais forte – os detalhes podem ser vistos no artigo. Além dos óbvios danos físicos e materiais desses problemas – o que em si já é preocupante – o advento de conflitos violentos também teria o potencial de reduzir o número de arrendamentos. Decerto não eram essas as intenções das políticas de reforma agrária. Porém, estes são os resultados.

Por fim, vejamos mais um exemplo, o mais clichê de todos – a criminalização das drogas. Por ser algo já bastante conhecido, não me alongarei. As intenções por trás da criminalização são as melhores: as drogas podem viciar, arruinar vidas de famílias, causar danos à saúde, entre outros malefícios – assim, nada mais moral e justo do que desejar o fim de seu uso. Mas os resultados não intencionais desta política também ferem o bom senso do cidadão: criação e fortalecimento de crime organizado, desvio de recursos públicos para o combate às drogas (ao invés de financiar atividades mais essenciais), corrupção governamental, incentivo à invenção de drogas mais potentes e mais baratas. Da mesma forma que o pequeno chinês, que foi vítima de incentivos perversos, esta é uma política que cria uma série de outras vítimas, como aqueles que não têm policiamento suficiente a suas portas pois agora há mais policiais corrompidos ou ocupados na luta contra as drogas.

A lista de exemplos poderia ser estendida. Vemos atualmente muitas defesas de políticas públicas e leis que são fundamentadas nas intenções e pouco se discutem os resultados. Financiamento exclusivamente público das campanhas eleitorais com a intenção de reduzir a corrupção; fixação de um salário mínimo nacional com a intenção de acabar com a miséria; aumento do IPI para carros importados com a alegada intenção de proteger empregos nacionais… algo que pode nos ajudar a sair do campo das vontades e dos desejos, para entrar no campo dos fatos e resultados são uma boa teoria, bons dados e estatística. Assim, em um debate, suponhamos todos que temos as melhores intenções. Não obstante, esperam-se argumentações teoricamente fundamentadas, evidências bem tratadas, e não apenas wishful thinking.

Sobre o blogue e a procrastinação


Há muito tempo venho pensando em voltar a escrever em um blogue, contudo estive adiando esse retorno para evitar a procrastinação de outras atividades acadêmicas e profissionais. Ledo engano. O que de fato ocorreu foi que a ausência do blogue não me impediu de procrastinar – apenas estava procrastinado mais uma coisa. Entre uma procrastinação e outra, percebi que o blogue seria ao menos uma boa forma de fazer isso estruturadamente (não deixe de conferir o link). Neste exato momento estou deixando de escrever minha dissertação para blogar – estou procrastinando, mas não de forma improdutiva e com menos peso na consciência.

Com menos peso na consciência porque, a despeito da curta experiência anterior com um blogue, percebi o quão impactante e divertida pode ser essa ferramenta. E além da evidência pessoal, acabei de ver no blogue do Mankiw que também há possíveis evidências quantitativas dos benefícios de blogar. Depois dessa não poderia deixar de voltar, apesar de duvidar ter as habilidades para tanto, como descreve Tyler Cowen.

A intenção deste espaço é tentar oferecer uma visão sobre a economia que busque despir os discursos do senso comum de seus conceitos difusos e imprecisos, que busque ir além dos efeitos imediatos das ações do dia-a-dia, das ilusões das variáveis nominais, entre outras armadilhas que ocultam as verdadeiras relações de causa e efeito das ações em sociedade.

Aqui se buscará tratar de temas em que se costuma aplicar o instrumental teórico da economia. Ou, por outro lado, todo e qualquer assunto que possa suscitar problemas intrigantes para os que enxergam o mundo com um viés econômico. Mas, só para não restringir muito o escopo, poderá ser tratado também o que me der na telha.

Então eis a primeira postagem, que não passou de mera procrastinação para não ter de iniciar com um assunto de fato. Para as próximas, pretendo tratar de um tema mais geral e simples – as confusões que muitos fazem entre fins e meios, intenções e resultados, causas e conseqüências, que ajudará a pautar as discussões que forem ocorrer no blogue. Até.