Rogério Ferreira tocou em alguns pontos interessantes de tática para a manifestação contra o aumento das passagens.
Segue o texto do Rogério.
Eu não sei.
Parece que virou lugar comum fechar ruas e abrir o pedágio da Terceira Ponte.
Quando dizem que vão abrir o pedágio da Terceira Ponte, o próprio Governo já orienta que a RodoSol mantenha as cancelas abertas. E se o contrato de concessão for o mesmo, o Governo tem que compensar a RodoSol pelas perdas. E aí, quem não usa a ponte paga o pedágio de quem ficou sem pagar…
É um protesto que penaliza a população.
Quando você paralisa o trânsito, pode até pressionar ou mesmo chamar a atenção, mas quando vira lugar comum, acaba perdendo o efeito ou desgastando precocemente o movimento.
E quando você paralisa o trânsito, também penaliza a população.
Bem, os dados da Ceturb mostram que não houve redução no número de usuários que utilizam o sistema Transcol. E para o trabalhador comum e formalizado, o reajuste não afeta tanto o seu bolso, pois ele utiliza vale-transporte e o desconto no seu salário não pode ser maior que 6%. E o Governo, ainda garante passagem com valor menor valor aos domingos.
E para os estudantes, ele sinaliza com uma possível gratuidade.
Mas não existe nada de graça. Mesmo que não aconteça o reajuste do valor da passagem cobrada no ônibus, isto não quer dizer que a população irá pagar menos. O sistema Transcol tem duas tarifas: a “tarifa única” e a “tarifa técnica”.
A tarifa única é aquela que você paga na roleta do ônibus. Mas não é este o valor que as empresas recebem.
As empresas recebem o valor correspondente à tarifa técnica. Então, se o Governo recuar do reajuste, as empresas não irão receber menos, o que ele irá fazer é aumentar o valor do subsídio ao Sistema Transcol. O lucro das empresas está garantido no valor da tarifa técnica. Mais uma vez, reduzir o valor da tarifa na roleta é uma medida que penaliza a população.
E por quê? Pois o subsídio é pago com os impostos dos moradores de todo o Estado, então quem mora em Brejetuba e não usa transporte público lá, vai pagar o subsídio de quem mora e anda de ônibus em Vitória.
Reduzir o valor da passagem também penaliza a população.
Bem, se você chegou até aqui talvez me pergunte: e daí? Vamos ficar sem fazer nada, já que tudo penaliza a população? Aqui eu tenho duas questões.
Primeiro. O que se deve discutir é um sistema que para se manter precisa de uma tarifa técnica tão alta e exige tantos subsídios. Tem coisa estranha aí. Então, é importante discutir a “tarifa técnica” e não apenas a “tarifa única”, pois se você pagar menos na roleta, irá pagar mais em impostos e perder recursos para outras finalidades como educação e saúde.
Segundo. Eu tentaria penalizar o Estado, e faria isto tentando parar aquilo que é mais importante para ele: o seu sistema de arrecadação e inteligência. Seria possível parar o sistema de arrecadação de impostos do Governo? Não sei, mas se fosse possível, você faz um protesto, tem repercussão, não fecha o trânsito e afeta o Estado no seu maior interessa: arrecadação. E para desocupar o prédio é um pouco mais complicado, pois precisa de autorização judicial, não é só chamar o BME do nada.
Tem tanto prédio público por aí. Lá na Secretária da Fazenda tem um mural feito pelo paisagista Roberto Burle Marx muito bonito, vale a pena conhecer. E aqueles vitrais no prédio da Secretarou a do Planejamento, bonitos também quando vistos por dentro.
E vocês conhecem a Prodest, é uma empresa do governo estadual que presta serviços interessantes.