Ontem, dois blogs (Marginal Revolution e Econbrowser) comentaram um interessante artigo de Alan Blinder e Mark Watson. A economia americana, sob quase qualquer ótica que você escolher, se comportou melhor durante os governos democratas do que durante os governos republicanos. Vejam alguns indicadores:
PIB: 4,35% x 2,54%;
Recessões: 8 para os democratas x 41 para os republicanos;
Taxa de desemprego: 5,6% x 6,0% (e variação na taxa de desemprego, -0.8 p.p x +1.1 p.p);
Taxa de inflação: 2,97% x 3,44% (mas os democratas perdem na variação, +1.05 p.p x -0.83 p.p)
Mas o que explicaria essas diferenças? Os democratas governam melhor do que os republicanos? Não necessariamente. Os autores acreditam que os democratas, muito provavelmente, foram simplesmente sortudos. Segundo Blinder e Watson, os fatores que melhor explicam os diferenciais são: os choques de petróleo, os choques de produtividade e as expectativas dos consumidores.
Em suas palavras:
Specifically, Democratic presidents have experienced, on average, better oil shocks than Republicans, a better legacy of (utilization-adjusted) productivity shocks, and more optimistic consumer expectations (as measured by the Michigan ICE).
Minha opinião: o artigo é provocador, mas a evidência apresentada muito ambígua. Mesmo se aceitarmos que essas são as variáveis fundamentais, quer queira, quer não, tanto o preço do petróleo, quanto as expectativas dos consumidores são variáveis bastante afetadas por decisões políticas; e a “produtividade dos fatores” é um resíduo, indefinido do ponto de vista econômico (os autores admitem essas três qualificações, mas timidamente).
Assim, me parece que, neste caso, não haveria como fugir de uma boa (e extensa) revisão histórica de como e por que se deram os choques (de petróleo e de produtividade), bem como uma boa fundamentação teórica (e, quem sabe, contrafactual) de como esses choques ocorreriam a despeito das decisões políticas de ambos os partidos.