Se eu tiver que passar uma impressão principal do useR! 2015 é a de que o R provavelmente chegou em um tipping point e está se tornando, oficialmente, mainstream.
O grande diferencial do R sempre foi sua comunidade com a grande quantidade de pacotes disponíveis. Entretanto, como a comunidade era basicamente em torno do meio acadêmico, havia um pouco mais de dificuldade de dedicar recursos para aplicações comerciais e corporativas. Além disso, por ser uma linguagem feita por e para estatísticos, não necessariamente a implementação atual é a mais eficiente, podendo, em algumas circunstâncias, deixar a desejar em performance (mas garantindo correição e acurácia).
Esses são dois pontos que já estão mudando: (i) várias empresas (como Microsoft, Rstudio, Oracle, Google) se reuniram oficialmente para colocar dinheiro na comunidade do R; e, (ii) a popularidade do R está estimulando iniciativas para o tornar mais rápido e eficiente. Acredito que em pouco tempo veremos os benefícios disso.
Empresas investindo na comunidade: o R Consortium
A Linux Foundation anunciou a criação do R Consortium, uma organização com o objetivo de dar suporte à R Foundation e às demais organizações envolvidas com o desenvolvimento do R. Em resumo, as empresas participantes do consórcio vão se juntar para colocar dinheiro no desenvolvimento de projetos em torno da linguagem principalmente em projetos de infraestrutura (como o R-Forge ou o próprio encontro anual useR! – que será em Stanford em 2016).
Entre os fundadores estão:
- a própria R Foundation;
- membros platinum: Microsoft e RStudio;
- membros ouro, TIBCO;
- membros prata: Alteryx, Google, HP, Soluções Mango, Ketchum Trading e Oracle.
Durante o encontro, todas as empresas mostraram que já implementaram (ou estão implementando) aplicações corporativas do R em seus produtos, como, por exemplo, o R dentro do SQL server 2016 da Microsoft.
O R está ficando e vai ficar ainda mais rápido e eficiente
A popularidade do R está estimulando uma saudável competição em torno de uma implementação eficiente da linguagem. Além do trabalho da Microsoft com a Revolution R – ou de outras implementações corporativas – duas apresentações chamaram bastante a atenção: (i) o projeto CXXR que reescreve o interpretador do R em C++; e, (ii) o fastR da Oracle que – na verdade dentro de um projeto mais ambicioso envolvendo várias linguagens – reescreve o interpretador do R em Java. O fastR não tem uma data precisa para soltar uma versão plenamente funcional, mas o CXXR, aparentemente, já vai ter uma versão compatível com o GNU R a partir da próxima versão (3.3).
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Faço questão de ressaltar aqui – como muitos já o fizeram – que a organização do useR! 2015 foi impecável! Mesmo com um público duas vezes maior do que o esperado (foram mais de 650 pessoas) tudo correu perfeitamente, tendo, inclusive, jantar Viking com arremessos de machados (literalmente). Meus parabéns para o pessoal da universidade de Aalborg e, em especial, ao Torben Tvedebrink – ano que vem o encontro será em Stanford e Aalborg elevou o nível para os próximos organizadores.
Pingback: R mainstream? | De Gustibus Non Est Disputandum
Parabéns por trazer ao público brasileiro novidades da comunidade R.
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Obrigado, Luiz!
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Republicou isso em bsbrug <-e comentado:
O software R assumindo uma posição merecida em sua área de aplicação.
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