Qual é o problema com modelos? Nenhum, o problema é com quem os interpreta…


… como realidade e não como metáforas.

Como diz Edward Leamer: “It is difficult to train a computer to understand a metaphor, and it is likewise difficult to train our students to understand the metaphors of economics, our models. Our students do what anyone unfamiliar with a language does: they take the models literally.” Mas não deviam.

Então, se algum economista te mostrar um modelo de concorrência perfeita, não é para você pensar que os economistas acreditam, nem tampouco para você acreditar que os preços são dados, que para existir concorrência teria de haver milhares de empresas sem poder de mercado, que não existe atividade empresarial fundamentada no erro e na descoberta… interpretar um modelo de concorrência perfeita dessa forma, usando uma analogia de Leamer, é a mesma coisa de olhar um mapa em que a avenida é desenhada na cor vermelha e achar que a avenida é de fato vermelha. Corolário disto: não é para você pegar um modelo e aplicá-lo a toda e qualquer situação – o trabalho do economista é justamente identificar o momento apropriado de utilizá-lo.

7 pensamentos sobre “Qual é o problema com modelos? Nenhum, o problema é com quem os interpreta…

  1. Com certeza, Jerê. Esse entendimento do Edward Leamer realmente iluminou algumas das minhas constatações, mas que ainda não havia conseguido traduzir em palavras. Engraçado que agora na dissertação, à medida que progrido com as leituras (especialmente Arrow e Friedman) e com os escritos, eu pude perceber que o modelo Walrasiano tem de ser entendido como um desenho (picture, segundo Friedman) da realidade, não necessariamente (e não deve ser assim) uma descrição da mesma. Por isso que a crítica que fazem ao irrealismo das hipóteses, com a qual Friedman não está de acordo assim como eu, não é uma crítica, no meu ponto de vista, significativa; se você parte de uma metodologia científica nos moldes de Popper (eu prefiro Lakatos), o que menos importa é o realismo das hipóteses, caso as implicações práticas do modelo sejam coerentes com uma realidade.

    Eu tenho pensado os modelos como instrumentos que a humanidade dispõe para sistematizar métodos de raciocínio, mitigando (embora nunca eliminando) as incertezas inerentes ao ambiente econômico e às relações entre as variáveis envolvidas. Já há algum tempo, tenho entendido a teoria neoclássica como algo maior que uma simples teoria, mas um guia lógico e intuitivo de como os agentes podem se comportar economicamente de forma racional.

    Grande abraço e continue postando sobre modelagem em economia, ok?

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