Na época da “descoberta” do Boson de Higgs, quase todo jornal confundiu. Inclusive, é comum ver essa confusão nas salas de aula. Andrew Gelman aponta para mais uma confusão na mídia, desta vez no New York Times:
Bakalar afirma que o p-valor é desenhado para
quantificar a probabilidade de o resultado de um experimento não ser fruto do acaso.
Isso é errado.
Vale lembrar o que o p-valor calcula: supondo que o resultado do experimento tenha sido fruto do acaso, qual seria a probabilidade de observarmos um resultado tão extremo ou mais extremo do que de fato foi observado.
Olá!
Parabéns pelo blog!
Lendo o post fiquei com uma dúvida… Isso significa que se um estudo indica que para os resultados demonstrados p<0,05 é o mesmo que dizer que há uma chance de 5% dos resultados terem sido obtidos ao acaso?
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Olá, Desmond,
A forma que você escreveu é um pouco ambígua. O p-valor é calculado supondo-se que a hipótese nula seja verdadeira. A hipótese nula mais comum é a de que não há nenhum efeito e que resultado é fruto do acaso. Neste caso, quando você obtém um p-valor de 5%, isso quer dizer que, supondo que o resultado tenha sido fruto do acaso, mesmo assim em 5% dos vezes você ainda observaria um resultado tão ou mais extremo do que o que foi observado.
O que isso quer dizer é o seguinte: o resultado observado é “raro” se supormos que apenas o acaso está em jogo. Mas isso é diferente de dizer que o resultado tem 5% de chance de ter sido gerado pelo acaso – no mundo frequentista, ou ele foi gerado pelo acaso, ou não foi.
Dando um exemplo prático. Suponha que você tenha uma moeda que você tem certeza que é justa, isto é, que ela dá 50% das vezes cara e 50% das vezes coroa. Se em alguma jogada em particular você obter 10 caras seguidas (isso é improvável, mas é possível), o seu p-valor será bastante baixo, mas mesmo assim você tem 100% de certeza que o resultado foi fruto do acaso.
Bom, espero ter sido claro!
Abraços
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Foi sim! Muito obrigado!
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